No mundo atual em constante mudança e com objetivos cada vez mais exigentes, as organizações são obrigadas a um esforço contínuo de reinvenção. É neste contexto que a inovação é fundamental ao potenciar esta reinvenção.
Se por um lado o tema da inovação é cada vez mais prioritário, por outro sofre um conjunto de mitos que corrompem os esforços de ativação de competências de inovação. Um dos mitos mais comuns é a perceção que inovação começa com novas ideias.
Enquanto a quantidade de ideias tende a estar correlacionada com atratividade de incentivos, a qualidade das mesmas tende a estar correlacionada com o grau de provocação de novas perspetivas. Empresas que não questionam as suas ortodoxias e do(s) setor(es) em que opera(m), tendem a ter uma menor capacidade de resposta por não serem levadas a questionar o status quo ou a aprender a projetar o extraordinário. Como resultado têm dificuldade em ir além do incremental.
O ponto de partida da inovação passa por provocar os diferentes stakeholders internos da empresa a questionarem a realidade das principais dimensões do contexto. A fotografia “connecting the dots” ilustra o desafio da inovação de identificar os relevantes dots de cada empresa, ou as principais dimensões a questionar, para posteriormente provocar novas connections para os dots identificados. Existem inúmeras lentes que nos permitem olhar a realidade sob novos pontos de vista, realçamos quatro: ortodoxias e competências chave (lentes internas sobre a organização) e descontinuidades e stakeholders insights (lentes externas sobre o contexto).
(i) Ortodoxias: representam os dogmas não questionados das empresas (o “porque sim”), que se questionadas fornecem novas oportunidades desde o modelo de negócio a novos produtos; e.g., porquê o checkout no hotel ao meio-dia, porquê os chinelos gama baixa e não um icon em que a marca se torna o produto.
(ii) Competências chave: são as capacidades únicas que criam uma vantagem competitiva sustentável no tempo e abrem novos espaços de oportunidade.
(iii) Descontinuidades: confluência de diferentes tendências e early signals que irão provocar mudanças no contexto e regras do sector, devem as empresas questionar-se sobre as ameaças e oportunidades que estas descontinuidades têm no seu negócio; e.g., “envelhecimento inativo” com a disseminação tecnológica, vontade de continuar jovem e melhores cuidados de saúde proporciona o “envelhecimento ativo”.
(iv) Stakeholders insights: permitem recolher um conjunto de informação relativa a necessidades não conhecidas dos consumidores que abrem novos espaços de oportunidades.
Ganhar novas perspetivas é um exercício contranatura no seio das empresas, que pode criar resistência por não contribuir imediatamente para as tarefas e objetivos em curso. Através de uma abordagem sistematizada, a inovação exploratória permite construir um ponto de vista próprio sobre o futuro, condição necessária para a sustentabilidade do negócio de qualquer empresa a médio-longo prazo.