Miguel Cardoso Pinto, Partner, EY-Parthenon Portugal Leader

Miguel Cardoso Pinto, Partner, EY-Parthenon Portugal Leader

O consumidor atual exige maior personalização e flexibilidade da mobilidade, está mais predisposto a partilhar e consciente dos impactos ambientais. Esta alteração estrutural, acentuada pela covid-19, criou quatro principais tendências para o futuro da mobilidade.

Sustentável
O investimento nas infraestruturas de carregamento terá de acompanhar os efeitos de um contexto exigente de regulação ambiental, especialmente a rede pública de carregadores rápidos e ultrarrápidos. Concretamente, a rede deverá expandir-se nas habitações privadas, locais de trabalho, zonas comerciais, e hubs de transporte e logística urbana, entre outros.
Para além da baixa capilaridade da rede, a baixa autonomia média dos veículos, o tempo elevado de carregamento, e o elevado preço inicial constituem barreiras à adoção em massa.

Conectada
No futuro, os veículos (transporte privado, público coletivo, de micromobilidade, de emergência médica, entre outros), as infraestruturas (de transporte e de carregamento elétrico) e os peões deverão estar interligados e integrados no ecossistema da cidade, partilhando dados que conduzam a maior segurança e eficiência.
Neste sentido, as entidades deverão investir na instalação em larga escala de sensores nos ativos de transporte e na comunicação segura e em tempo real entre eles.

Partilhada
O congestionamento urbano e a consciencialização ambiental irão levar à perda de relevância da propriedade dos veículos.
Em centros urbanos onde a viatura privada é o principal meio de transporte, as soluções de mobilidade partilhada têm tido um crescimento significativo, mas as sinergias geradas não têm sido completamente capturadas. Todo o ecossistema deverá colaborar no sentido de incluir estas soluções no planeamento urbano, relevando o seu papel de interligação entre modos de transporte.

Autónoma
Ultrapassada a prova de conceito, a mobilidade autónoma foca-se agora na demonstração de segurança para passageiros, peões e outros utilizadores.
Os principais desafios futuros relacionados com esta tecnologia não serão tecnológicos, mas sim de confiança e adoção, que só será reforçada com projetos piloto de elevada visibilidade conduzidos por entidades reconhecidas.

Assim, estes quatro pilares trarão mais eficiência, segurança, personalização, flexibilidade e sustentabilidade. Para isso, os desafios intrínsecos terão de ser superados através do investimento na consciencialização dos cidadãos para os seus benefícios, com o objetivo de aumentar a sua adoção a larga escala.