Rodolfo Varela Pinto, Associate Partner, Consulting Financial Services

Rodolfo Varela Pinto, Associate Partner, Consulting Financial Services

A Sustentabilidade é um novo paradigma que influencia Modelos de Negócio, Serviços & Produtos, as Pessoas, o Planeta. O conceito de criação de valor está a mudar: cada vez mais o foco principal está no impacto de longo prazo e numa nova definição de sucesso, assente em medidas mais qualitativas e abrangentes, inspiradas pela Agenda das Nações Unidas 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.

A consciência social, as agendas políticas, o custo das alterações climáticas ou o comportamento de investidores e consumidores – o Survey da EY 2020 sobre sustentabilidade para Portugal indica que 85% dos portugueses assumem que o apoio a causas ambientais afeta a decisão de compra – tornam hoje imperativa a transição do mundo corporativo para um modelo de funcionamento e negócio mais sustentável.

Os Executivos de topo estão conscientes – de acordo com o EY CEO Imperative Study de 2019, mais de 75% dos CEOs acreditam que serão as empresas com ações relevantes nos próximos 5 a 10 anos as mais recompensadas pelos stakeholders externos – mas é agora fundamental que os Bancos tenham a capacidade de redefinir seu propósito e organizar o seu posicionamento e atividades para terem sucesso na jornada de transformação para a sustentabilidade.
Recordando as palavras de Mark Carney, ex-Governador do Banco de Inglaterra:
“Every company, every bank, every insurer and every investor will have to adjust their business models. This could turn an existential threat into the greatest commercial opportunity of our time”, Road to Glasgow – 2020.

Em Portugal, a banca está a conduzir cada vez mais iniciativas no âmbito da sustentabilidade. No entanto, estas ainda não parecem estar ligadas a uma estratégia de negócio de longo prazo nem integrar o conceito de prosperidade, revelando um estado de maturidade reduzido, muito focado na pegada ambiental ou atos de voluntarismo social e assente na disponibilização de produtos ou serviços de mindset sustentável avulsos.

Não chega parecer, há que ser! Os bancos devem ser capazes de adaptar o seu propósito e modelo de negócio, assegurando que a jornada da sustentabilidade faz parte da sua estratégia de sucesso e que são criadas métricas que contemplam o crescimento sustentado e resiliente da instituição, assim como a criação de benefícios equitativos, sustentáveis e inclusivos para os clientes e para a sociedade.
Mais do que ser, há que demonstrar que se é! Neste sentido, é essencial desenvolver uma estratégia de comunicação voltada para os stakeholders internos, investidores, clientes atuais e futuros, autoridades e público em geral. Deve ser demonstrada a criação de valor através de medidas transparentes e objetivas de sucesso, assentes na sustentabilidade e na prosperidade económica, combatendo o facilitismo do greenwashing.

Num mundo em adaptação, a comunicação é o aliado-chave para o empowerment da marca, o reconhecimento do mercado e a rendibilidade futura. No novo paradigma da sustentabilidade há, pois, que ser e parecer!