Susana de Lencastre, Directora e Francisco V. Gonçalves, Senior

Susana de Lencastre, Directora e Francisco V. Gonçalves, Senior

Desde os estudos sociológicos de Pierre Bourdieu que o conceito de hábito (habitus) se demonstra pertinente para a análise de como uma determinada sociedade ou grupo de indivíduos percecionam e reagem ao ambiente social em que se encontram, i.e., como se comportam. Assim, para Bourdieu, o conceito de Habitus configura a matriz cultural de uma sociedade.

Desta premissa, podemos então inferir que, o conjunto de hábitos (i.e., comportamentos) são parte fundamental para a análise da perceção do edifício cultural em que os mesmos coexistem. E por essa razão, é possível ver que o conjunto de comportamentos de um determinado grupo são parte inerente da forma como estes se identificam com a sua sociedade e cultura.

Nesse sentido, ao fazermos um paralelismo com a necessidade de promoção transversal da Cultura de Integridade nas organizações, é possível colocar em perspetiva dois tipos de ação e refletir sobre as mudanças de hábitos que se têm vindo a observar:

– Impulsão da Cultura de Integridade: as empresas, ao pensarem de forma global, procuram estratégias de promoção da integridade com exemplos como o envio de mensagens/sponsorship da Gestão de Topo, a promoção de eventos públicos com foco na integridade, a implementação de canais de denúncia, entre outras iniciativas. Todas estas iniciativas, independentemente do estado de maturidade das organizações, e da sua capacidade de resposta ao esforço e investimento, têm vindo, cada vez mais, a serem implementadas. Fica claro que as organizações que não iniciarem a sua reflexão e a mudança do ponto de vista dos comportamentos globais ficarão em concreta desvantagem do ponto de vista reputacional e da confiança dos stakeholders.

– Promoção e estímulo dos comportamentos: as empresas também têm sentido a necessidade de pensar sobre os hábitos individuais de cada um que integra a organização independentemente da posição ou responsabilidade. Cada pessoa é um microcosmo dentro do macrocosmo que é a organização, e, como tal, deverá ser vista dessa forma. Observar cada indivíduo permite às organizações anteciparem-se em termos de metodologias de Integrity & Behavioural Analytics que possibilitam analisar a imensidão de dados que cada indivíduo da organização tem para oferecer e responder da melhor foram aos desafios de integridade latentes.

Tendo em conta estas ações, é crucial iniciar a reflexão sobre os insights possíveis de obter de cada pessoa. São já possíveis observar resultados extremamente promissores em alguns setores (ex. Pharma) que iniciaram esta mudança de paradigma e que todos os dias conhecem melhor a sua organização. Só assim, conhecendo-a intrinsecamente, e a forma como a mesma perceciona a sua envolvente, será possível às organizações promoverem com sucesso as mudanças necessárias para atingirem uma verdadeira Cultura de Integridade.