As grandes cidades mostram-nos os dois lados do mundo em que vivemos, onde as desigualdades sociais são salientadas. Será que é possível repensar as cidades para um território mais coeso a nível global?

Ao longo do último século temos visto cada vez mais uma migração crescente dos meios rurais para os centros urbanos e isso deve-se às oportunidades que podemos encontrar nas cidades.

Em Lisboa, por exemplo, foi possível assistir a esse aumento: em 1920 existiam pouco mais de 497 mil habitantes no distrito. Atualmente, os números rondam os 2,8 milhões, sendo que na cidade residem 509 mil. No entanto, estes números não apresentam só pontos positivos, uma vez que graças a esse aumento os pontos de stress sobre as estruturas físicas e organizacionais das cidades têm-se vindo a acentuar, criando situações desfavoráveis para quem lá vive.

A juntar a isso, as cidades funcionam ainda através de um sistema de interdependência, existindo uma lógica de complementaridade no acesso aos serviços, fazendo com que se note ainda mais a fragilidade do sistema do nosso país, uma vez que as cidades médias portuguesas são relativamente pequenas.

É graças a esses fatores que o Programa Nacional da Política do Ordenamento do Território defende o desenvolvimento policêntrico como um fator de coesão a nível nacional, fazendo com que as cidades sejam repensadas e replicadas para que os pontos positivos possam abranger grande parte do território. Para isso, é necessário que: exista qualificação das cidades, cooperação interurbana e rural-urbana e internacionalização e competitividade externa.

Mas alcançar a internacionalização pode não ser fácil, uma vez que não se trata apenas de Lisboa e do Porto. Para a alcançar é necessário melhorar as infraestruturas e o incentivo da inovação de forma a atrair investidores e potenciais residentes estrangeiros.

Já no que diz respeito à cooperação entre zonas rurais e urbanas, é necessário utilizar um mix de fatores, desde o acesso aos principais serviços, como a saúde e a educação, até ao lazer e às condições de habitação.

Ter em conta todas estas medidas é essencial para melhorar a qualidade de vida dos centros urbanos e também criar modelos de negócio, impulsionando o crescimento económico.