Nuno Costa, Associate Partner, Analytics & Enterprise Intelligence Advisory Services - EY

Nuno Costa, Associate Partner, Analytics & Enterprise Intelligence Advisory Services - EY

Não é uma questão de saber se a inteligência artificial (IA) transformará o papel dos especialistas de todas a áreas, mas quando.

Todos reconhecemos que a IA e a capacidade para entender combinações e correlações em quantidades massivas de dados, estão a alterar, entre outros, os setores do retalho, banca e mobilidade. Hoje, organizações como a Amazon e o Google conseguem rapidamente extrair informações geradas por clientes para obter insights sobre comportamentos e preferências individuais, criando experiências de compra personalizadas e à medida das necessidades de cada um.

Existe consenso generalizado de que a IA vai transformar a forma como os negócios são geridos, resultando em mais decisões baseadas em dados que levam potencialmente a melhores resultados para todos os stakeholders envolvidos – colaboradores, clientes, pacientes, parceiros, fornecedores, estado, cidadão, contribuinte, etc.

De fato, a IA possibilitará que os especialistas (médicos, enfermeiros, advogados, farmacêuticos, investigadores, financeiros, investidores, etc.) façam o que já fazem – tomando decisões com base na sua capacidade, experiência e conhecimento – mas o façam ainda melhor, com a capacidade, aumentada e inteligente, de filtrar inúmeras opções e selecionar aquela que não seja apenas especifica para a situação em análise, mas selecionada a partir da totalidade das evidências existentes.

Ampliar ativamente a tomada de decisão humana através de tecnologia – particularmente IA – adicionando uma camada de análise de dados conduzida por uma máquina, permite combinar a compreensão e interpretação humana e da IA, podendo encontrar maneiras totalmente novas de abordar desafios, desenvolver ideias e impulsionar o crescimento.

Em vez de apenas ser uma maneira mais rápida de analisar informação, a IA pode ser um estímulo para um pensamento mais criativo sobre como usar os dados, sugerindo soluções que os humanos talvez nunca tenham considerado.

As indústrias criativas já estão a aproveitar esta parceria entre especialistas e máquinas com IA para analisar outras perspetivas. Na indústria da música, as produtoras começaram a usar IA para desafiar as suas suposições sobre os elementos-chave comuns às canções mais vendidas – desde mudanças fundamentais ao ritmo até alterações às letras – para guiar as escolhas criativas dos artistas e ajudá-los a compor músicas de sucesso.

Se a IA pode ajudar em setores verdadeiramente criativos, não será surpreendente que o mesmo princípio possa ser aplicado a qualquer setor para ajudar a orientar a tomada de decisão. Seja na complexa deteção de padrões em dados financeiros que indiciem fraude, ou pequenas alterações nos dados de um paciente que possam indicar um determinado diagnóstico, a IA pode sugerir insights iniciais, para de seguida os humanos verificarem e desenvolverem, a partir dai, as soluções finais com base no seu conhecimento e experiência.

As empresas devem abraçar a oportunidade que este tipo de tecnologia traz para melhorar os processos de decisão e assim libertar tempo para a inovação e exploração de ideias criativas ainda mais eficazes. Os maiores desafios da IA não são tecnológicos: são sobre cultura organizacional e gestão da mudança.