Rui Correia, Senior Manager, People Advisory Services, EY

Rui Correia, Senior Manager, People Advisory Services, EY

Não é novidade que mundo está a mudar em todos os domínios, ou que o ritmo da mudança nunca foi tão grande. Nas organizações, todos os dias surgem novos desafios que põem à prova a capacidade de se adaptar e crescer.

O mundo está cada vez mais conectado e diverso, cada vez são maiores as preocupações com a sustentabilidade, o papel social ou o propósito das organizações. Para tornar o desafio maior, uma navegamos onda de transformação tecnológica e digital que muda não só as ferramentas e formas de fazer negócio, mas também os paradigmas do trabalho. Assim, é evidente que as características e competências que fizeram um bom líder no passado não são as mesmas que asseguram a ‘navegação’ com sucesso nos dias de hoje.

O líder de hoje é um condutor da mudança, deve antecipá-la e provoca-la em vez de se deixar conduzir por ela. Deve conhecer a tecnologia disponível e como ela pode ajudar a suar organização a ser mais eficiente e virada para os clientes. Adicionalmente, quanto mais as empresas dependem da tecnologia e a usam, mais precisam das pessoas e mais relevante é para um líder ser Human Centric.

Estes são, felizmente, tópicos que muitas organizações já incorporam; um estudo da American Management Association, aponta para que 48% das organizações inquiridas acreditam que a única forma de se prepararem para o futuro é terem líderes com novas competências e capacidades. No entanto, o estudo conclui também que apenas 18% das organizações diz ter um pipeline de futuros líderes com as competências necessárias. É importante perceber porquê…

Comecemos por perceber o que torna incontornável a mudança na liderança. Em primeiro lugar, uma força de trabalho radicalmente diferente, mais diversa e com uma forma muito diferente de olhar para o trabalho e para a relação com o empregador.

Em segundo lugar, as organizações estão sob escrutínio permanente dos media, da sociedade, das redes sociais e garantir a gestão dos stakeholders internos e externos é, hoje, uma prioridade.
Por fim, as organizações deparam-se com problemas cada vez mais complexos: desde tecnologias emergentes à expansão geográfica, passando por um mundo global e pelo aumento, em volume e em complexidade, das regulamentações.

Tradicionalmente, as organizações preparavam os seus líderes com processos convencionais de formação, no entanto, é cada vez mais evidente que a liderança precisa de uma mistura de educação, experiência e exposição às novas realidades, frequentemente só alcançáveis com programas mais abertos que incluam noutras áreas da empresa, na Academia ou mesmo fora da organização – o que já é em si uma disrupção.

Desde o início da primeira revolução industrial que nenhuma mudança tão profunda chegava ao mundo empresarial. A atual disrupção traz, simultaneamente, oportunidades e desafios que vão colocar as organizações e as lideranças à prova e premiar os que conseguirem aproveitar as novas possibilidades que se abrem.

É antecipado que a tecnologia continue a ser a maior fonte de disrupção; o estudo IBR da Grant Thornton’s International aponta como principais fontes de disrupção nas organizações as mudanças trazidas por um mundo digitalmente conectado, o impacto no negócio da inteligência artificial, Big Data, automação de processos e robótica.

O mesmo estudo aponta para a emergência de novas competências de liderança. A capacidade de aceitar e dirigir a inovação surge no topo, seguida da capacidade de adaptação e de beneficiar da mudança e, em terceiro lugar, a colaboração. A coragem de aceitar riscos e errar é também vista como fundamental num líder, nos os dias de hoje.

Capacidades que não eram importantes num líder no passado são hoje fundamentais, mas também as competências de liderança com que estamos mais familiarizados, como a motivação, a inspiração e o desenvolvimento das equipas. Aí reside o desafio: ser capaz de aliar capacidades tradicionais como a visão de negócio a um mundo diferente.

Hoje, a capacidade de desenvolver e aprender novas competências para acompanhar o ritmo da transformação é fundamental para a sobrevivência dos líderes e das organizações.